Policial feminina que escoltou a Dilma em Brasília fundou MC em Brasília

Lidia Soares da Mata (foto abaixo), 46 anos, 16 como inspetora da Polícia Rodoviária Federal (PRF), é uma das 30 mulheres especializadas em escolta sobre duas rodas no Brasil. No dia 01/01/2011, na posse de Dilma Rousseff, o grupo de batedoras foi mais reduzido: apenas seis foram designadas para formar a flexa que abrirá o comboio presidencial.

Outras escoltarão a composição em posições diversas, que ainda serão definidas. É o caso de Lidia, que ocupará a posição de cerra-fila, a última do comboio. O currículo impecável, a experiência e o fato de morar perto do Congresso Nacional foram decisivos na hora da escolha.

A inspetora trabalha como assessora parlamentar da PRF. Permanece oito horas por dia trancada em um gabinete no Congresso. Para escapar da rotina burocrática, sobe numa motocicleta Harley Davidson de 1600 cilindradas para escoltar autoridades estrangeiras, chefes de Estado e personalidades pelas ruas da capital federal.

Ela já escoltou o presidente Lula e o ex-presidente Fernando Henrique, Carlos Menem, ex-presidente da Argentina, o presidente da Venezuela Hugo Chávez, os jogadores da Seleção de Dunga, entre outros. Garante que, por ser mulher, chama a atenção das autoridades. “Quando eles percebem a pontinha do cabelo saindo do capacete, a atenção se volta para a gente”, diz. “As autoridades olham de dentro do carro para ver se a gente faz a curva direito. Quando é homem que está na moto, ninguém olha”.

Casada com um inspetor da Polícia Rodoviária Federal, Lidia inspirou-se no seriado Chip’s ─ que conta a história de dois patrulheiros rodoviários da Califórnia e seduziu telespectadores americanos entre 1977 e 1983 ─ para fundar com o marido um motoclube, em Brasília, batizado com o mesmo nome do seriado de TV. Lidia, sobre sua Harley Davidson Fat Boy 1600 cilindradas, bem parecida com a da PRF, e o marido, numa moto menor, a Fat Boy 1450, já cruzaram as rodovias brasileiras até o Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo e alguns estados do Nordeste.

O Chip’s faz concorrência com os Escoltados, motoclube fundado por Heleno José Guimarães, chefe do corpo de motociclistas da PRF e responsável pela formação dos batedores diplomados nos últimos 37 anos ─ incluindo as seis mulheres que acompanharão Dilma no dia da posse. “Heleno é um mestre do motociclismo”, avisa Lidia. É também dono de uma Harley Davidson e partilha da mesma opinião da inspetora. “Andar de moto é um vício.”

Batedores em ação ─ Assim que o primeiro comboio de carros oficiais deixar a Granja do Torto, por volta das 13h50 deste sábado, seis batedoras formarão uma flexa para abrir o caminho em direção à Catedral de Brasília. Outros cerca de 60 motociclistas da PRF estarão nos arredores do percurso, fechando ruas e evitando a intromissão de veículos não autorizados no trajeto.

Nas últimas semanas, os batedores conferiram uma série de caminhos tracejados num mapa. Alternativas para, em caso de emergência, desviar o comboio que levará a presidente à posse.

“Nenhum veículo pode adentrar o comboio”, avisa Lidia. No caminho, o batedor deve ficar de olho no carro da autoridade: desacostumado com a escolta, o motorista pode atropelar a motocicleta acidentalmente. Um batedor também não pode perder o foco na multidão. “Deve estar sempre atento”, adverte Lidia.

A postura é ensaiada antes da escolta. A roupa imaculada e a coluna ereta são imprescindíveis. “O motociclista também não pode fazer muito barulho com o motor”, informa Lidia. Ela prefere cumprir a função de cerra-fila. Enquanto o batedor da frente define a velocidade dos veículos, o cerra-fila permanece na última posição da escolta. De olho nos retrovisores, não pode deixar nenhum outro carro passar dos limites do comboio. “O cerra-fila não pode errar”, diz Lidia. Sobre o fato de compor um grupo tradicionalmente formado por homens, ela filosofa. “O homem sempre pode errar mais. Quando a mulher erra, é mais cobrada”.

Fonte: Site da Revista Veja

Retirado de http://rockriders.com.br